sábado, 9 de outubro de 2010

A IRONIA NOSSA DE CADA DIA

A IRONIA NOSSA DE CADA DIA

A palavra ironia vem do grego eironeia, significando interrogativa dissimulada. No Dicionário Aurélio da língua portuguesa significa 1.Modo de exprimir-se em que se diz o contrário do que se pensa ou sente. 2. Contraste fortuito que parece um escárnio. Segundo Massud Moisés, a ironia consiste em dizer o contrário do que se pensa, mas dando-o a entender, tal definição coincide com a do Aurélio, pode-se acrescentar nesta definição o tom de voz acentuado munido de uma certa dissimulação, traçando, assim, um contraste do pensar e do falar. É uma “figura de pensamento”, ou seja, expressa, indiretamente, o pensamento do ironizador sobre o enunciado. Na Ética de Aristóteles o ironizador é denominado de eiron e o ironizado de “alazon”. Aquele se fazia de ignorante para desmascarar o alazon. Sócrates fazia de forma semelhante com seus discípulos, usava este artifício a fim de despertar a consciência e não, necessariamente, para desmascarar o ironizado. Segundo Augusto Meyer, a ironia é como a consciência da fragilidade, pode se dizer que o eiron sabe onde se encontra o engano e esta existe devido ao não –alcance do correto, isto supõe fragilidade. O ironizador conhece a fragilidade do outro por ainda não reconhecer em que se encontra erro, e por isso age cautelosamente, usado da sensibilidade consciente dos limites do outro. A ironia nos diálogos socráticos é exposta, na maioria das vezes, em forma de questionamento, insinuoso e dedutivo, denunciando pelo tom da voz e pela dissimulação a oposição entre o que é pensado e dito estimulando o raciocínio.
Vejamos o GRITO da IRONIA nesse poema, da intertextualidade e da interdiscursividade

Grito

Um grito!
Não um grito de “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas”
Não um grito de “Diga ao povo que fico!”
Não um grito de “Saio da vida para entrar na História”
Não um grito de “Prometo fazer deste país uma democracia!”
Não um grito de “Brasileiros e brasileiras!”
Não um grito de “Minha gente!”
Em nem um grito de “Companheiros e companheiras!”
Mas um grito de dor e desespero,
Um grito de ânsia e desesperança,
Um grito de verdadeira indignação,
Um grito que seja de qualquer um,
De preferência dos que choram,
Dos que não podem ler poesias,
Dos que almejam um sonho.
Um grito que seja contra tudo que está aí.
Contra toda essa hipocrisia, canalhice, traições
Conchavos, empulhação, cinismo, crueldade, indiferença.
Um grito de despertar
Que destrua a chacina dos pobres
Os monstros fardados
A corrupção dos sempre inocentes
A justiça caolha,
Um povo adormecido, dopado,
Que ama os canalhas,
Que destrua os sorrisos amarelos,
Os tapas nas costas,
A criança no colo,
A lei materna que não penaliza
Os latifúndios,
Que suplique a misericórdia de Deus,
Que destrua,
Eternamente,
O berço esplêndido

(Por Roberta Miranda Barreto Gomes)
(Coleção de poesias feitas por bancários)

fonte: http://ava.ead.ftc.br/dokeos/claroline/learnpath/showinframes.php?source_id=5&action=&learnpath_id=1&chapter_id=&originalresource=no

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