quinta-feira, 17 de maio de 2012

Indicação de ex-advogada de Dilma para Comissão da Verdade é alvo de críticas


 O GLOBO - BRASÍLIA- A indicação da advogada Rosa Maria da Cunha para o grupo de sete integrantes da Comissão da Verdade incomodou militares. Da reserva e da ativa. Ela foi advogada da presidente Dilma Rousseff e de suas companheiras de cela na Torre das Donzelas, no presídio Tiradentes, em São Paulo, nos anos 70. Os militares entenderam a presença de Rosa Maria como uma postura revanchista, negada nos discursos da presidente.
- Caiu muito mal nas Forças Armadas a presença da advogada. A comissão deveria ter um caráter de isenção e não de afronta - disse um general da ativa, que pediu para não ser identificado.
Perguntada sobre a resistência dos militares a seu nome, Rosa Maria respondeu:
- Quando se colocar no plano da discussão, é um direito deles (militares).
Rosa Maria é doutora em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, advogada criminalista, professora e escritora.
Presente na solenidade, o coronel da reserva João Batista Fagundes, representante das Forças Armadas na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, elogiou, com moderação, a composição da comissão e, como os demais militares, receia do sentimento de revanche.
- A Comissão da Verdade é oportuna, mas não pode se enveredar pela questão criminal dos agentes do passado. A Lei de Anistia está em vigência e a própria lei que criou a comissão não prevê condenações. No meio das Forças Armadas, o receio é de que venham se abrir processos já albergados sobre o pálio refletor da anistia - disse o coronel.
Presentes à cerimônia, os três comandantes militares se mantiveram discretos e aplaudiram os discursos, mas de forma protocolar, sem empolgação como as centenas de convidados e de ministros do PT. O desconforto era visível. Durante o evento, ficaram sentados lado a lado e permaneceram quietos.
Mesmo antes do discurso de Dilma, ainda na apresentação do locutor sobre a missão da Comissão da Verdade, os comandantes não aplaudiram o trecho que pedia que as práticas de tortura não se repitam e que períodos de exceção nunca mais aconteçam.
No final, o comandante do Exército, general Enzo Peri, foi chamado pelos jornalistas, mas mandou dizer que não falaria.

(Evandro Éboli e Maria Lima)

FONTE: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa

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