Pantsir S-1 não chegará para a Copa
(Foto: Anton Denisov/Ria Novosti/AFP)
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O Brasil não terá um sistema de artilharia antiaérea de média altura –
com alcance de 15 km de altitude – na Copa do Mundo de 2014. O general
José Carlos de Nardi, coordenador das Forças Armadas, afirmou ao G1
que esse tipo de equipamento não é uma exigência da Fifa, contrariando o
que afirmou em 2012 o general Marcio Roland Heise, comandante do setor
de artilharia à época.
"Esta informação da média altura não procede, não teve nada da Fifa
neste ponto específico", disse José Carlos de Nardi. "É uma necessidade
nossa que foi percebida antes mesmo da Copa, está sendo tratada como uma
demanda emergencial do governo. Claro que ajudaria na defesa do espaço
aéreo se chegasse [até o Mundial]".
Procurado pelo G1, o general Marcio Roland Heise disse
que, na época em que
coordenava as tratativas para a compra do
equipamento, tinha a informação de que o sistema de média altura era uma
recomendação da entidade organizadora. Na série de reportagens que o G1
fez sobre a o sucateamento do Exército, em agosto do ano passado, Heise
havia dito que o objetivo era "adquirir tudo o que precisamos até a
Copa" e que a Força estava "conduzindo um projeto para reformular
material e também conceitos de uso, buscando também a capacidade de alvo
a média altura".
Na época, outros generais do Comando de Operações Terrestres do
Exército (Coter) também ressaltaram que a artilharia de média altura era
pré-requisito para o Mundial. Em entrevista concedida em 2012,
questionado sobre a necessidade do sistema como exigência da Fifa, o
general Mário Lucio Alves de Araújo, do Estado-Maior do Exército,
salientou que o governo estava empenhado em "suprir os vácuos e equipar
as tropas para atender às necessidades exigidas nos grandes eventos
esportivos".
O Ministério da Defesa informou que a exigência da Fifa não se refere
especificamente ao termo média altura, mas que a organização pede um
sistema de controle e segurança do espaço aéreo. Ainda segundo a Defesa,
esse sistema inclui, entre outras coisas, o controle do tráfego e a
defesa aérea.
Procurados pela reportagem, a Fifa e o Comitê Organizador Local da Copa
do Mundo não dizem quais são as exigências em relação à defesa nem
falam se há alguma exigência em relação ao sistema aéreo. Ambos disseram
que o tema é tratado pelo governo federal e que a questão é
individualizada com cada país hospedeiro do evento.
Possibilidade para a Olimpíada de 2016
Em fevereiro, quando a presidente Dilma Rousseff encontrou o premiê Dmitri Medvedev em Brasília, foi dado início à negociação da compra de três baterias russas Pantsir-S1, de médio alcance, avaliadas em cerca de US$ 1 bilhão (R$ 2,29 bilhões). O acordo, no entanto, ainda não foi fechado. Atualmente, o país possui apenas canhões e mísseis para baixa altura, com alcance de até 3 km.
Em fevereiro, quando a presidente Dilma Rousseff encontrou o premiê Dmitri Medvedev em Brasília, foi dado início à negociação da compra de três baterias russas Pantsir-S1, de médio alcance, avaliadas em cerca de US$ 1 bilhão (R$ 2,29 bilhões). O acordo, no entanto, ainda não foi fechado. Atualmente, o país possui apenas canhões e mísseis para baixa altura, com alcance de até 3 km.
De acordo com o general José Carlos de Nardi, "há uma possibilidade" de
que alguns carros do modelo Pantsir cheguem ao Brasil até a Olimpíada.
Em fevereiro de 2014, militares vão à Rússia verificar na prática o
modelo, segundo o militar. Para se ter uma ideia da importância do
sistema de média altura, todos os países da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan) contam com essa tecnologia.
O processo de compra dos equipamentos russos envolve três fases: na
primeira, chamada de "exploratória", que é a atual, os militares
desenvolvem requisitos técnicos conjuntos para Marinha, Aeronáutica e
Exército para a compra e o uso do sistema. Depois disso, haverá a fase
de negociação e, por fim, o fechamento do contrato.
"Estas negociações envolvem muitos interesses e setores. É importante
ir com calma e tranquilidade", afirma o general Guido Amin Naves,
comandante da Artilharia Antiaérea do Exército. Ele disse desconhecer o
andamento das tratativas com a Rússia e também a exigência da Fifa
porque o assunto é tratado pela Defesa. Procurado para comentar o atraso
na chegada da artilharia, o general Marcio Roland Heise também disse
que o processo agora está com o Ministério da Defesa.
Em setembro de 2013, uma portaria publicada no Diário Oficial da União
pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, determinou que a aquisição dos
equipamentos russos de médio alcance passasse a ser responsabilidade da Aéronáutica.
'País à mercê de ataques terroristas'
O general da reserva Nelson Santini Júnior, que comandou a brigada antiaérea e iniciou os trabalhos para renovação do equipamento para os grandes eventos esportivos que o Brasil vai receber em 2014 e 2016, afirmou ao G1 que o país ficará à mercê de ataques terroristas sem o Pantsir. Segundo ele, o sistema de média altura é exigência de países que participam da competição da Copa.
O general da reserva Nelson Santini Júnior, que comandou a brigada antiaérea e iniciou os trabalhos para renovação do equipamento para os grandes eventos esportivos que o Brasil vai receber em 2014 e 2016, afirmou ao G1 que o país ficará à mercê de ataques terroristas sem o Pantsir. Segundo ele, o sistema de média altura é exigência de países que participam da competição da Copa.
"Média altura é uma exigência de alguns países mais preocupados, como
Estados Unidos, Israel, Inglaterra, que normalmente pedem recursos
compatíveis com o risco", disse Santini. "Este atraso compromete a
segurança dos estádios. Vamos ficar com uma defesa aérea bastante
vulnerável, com pouca capacidade de reação. Sem média altura, não existe
defesa aérea", completou.
Por e-mail, o Ministério da Defesa disse não ter informação, até o momento, sobre pedidos feitos por países que vão disputar o Mundial em relação à defesa aérea.
Por e-mail, o Ministério da Defesa disse não ter informação, até o momento, sobre pedidos feitos por países que vão disputar o Mundial em relação à defesa aérea.
"Se um monomotor se aproximar do Maracanã durante um jogo com 10 quilos
de explosivos a bordo, que são capazes de derrubar uma casa, você não
terá como abatê-lo com o caça a média altura. Com um míssil, a baixa
altura, causará um grande estrago, com muitas mortes. É como defender
sua casa de um ladrão armado com pistola com seguranças usando apenas
cassetete", comparou o general Santini.
O general Guido Amin Naves garante a proteção dos estádios. [O sistema
de média altura] É uma capacidade que não temos e que estamos negociando
há muito tempo. Tendo-a, seria muito bom, mas se não chegar a tempo,
coordenamos com a Força Aérea os sistemas de radares e acionamento de
aviões e caças para dar um jeito para isso. O importante é que o evento
transcorra da melhor maneira possível."
Parceria com a Rússia
Segundo o general De Nardi, a proposta da Rússia para o Ministério da Defesa envolve uma "parceria". Informalmente, a Rússia corre por fora no projeto FX-2, que pretende adquirir um novo caça para o Brasil. Os russos ofereceram à FAB o modelo Sukhoi. O melhor avião de combate do país, o Mirage, será aposentado dia 31 de dezembro. Até agora não há decisão sobre o seu sucessor.
Segundo o general De Nardi, a proposta da Rússia para o Ministério da Defesa envolve uma "parceria". Informalmente, a Rússia corre por fora no projeto FX-2, que pretende adquirir um novo caça para o Brasil. Os russos ofereceram à FAB o modelo Sukhoi. O melhor avião de combate do país, o Mirage, será aposentado dia 31 de dezembro. Até agora não há decisão sobre o seu sucessor.
Além das três baterias Pantsir-S1, o governo quer comprar também duas
baterias do modelo Igla, com mísseis portáteis, que podem ser lançadas
por apenas um homem, sistema que o Exército já possui. Em fevereiro,
oito oficiais brasileiros, especialistas na área, irão à Rússia "para
verificar na prática" o funcionamento do Pantsir, segundo o Ministério
da Defesa.
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