segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O discipulado e a igreja local


A igreja do Senhor Jesus tem um alicerce seguro para sustenta-la. O próprio Senhor Jesus é a pedra sobre a qual toda a igreja está edificada (1Pe 2.7,8). O apóstolo Pedro afirma que aquele que rejeita a Pedra tropeça na Palavra, ou seja, a igreja está edificada sobre o Senhor Jesus que a dirige e a sustenta pela Palavra (1Pe 2.8). As diretrizes e orientações para a igreja estão nas Escrituras. Esta é a tremenda vantagem. Temos absolutos para dirigir e orientar a nossa filosofia de ministério, as nossas atitudes e as nossas ações, como indivíduos e como igreja.
Nesse sentido, é de muito valor perceber como o Senhor Jesus orientou e atuou para que a igreja perpetuasse a sua presença no mundo.
Depois de escolher os doze apóstolos, e depois da igreja ter tido o seu início de modo tão espetacular (At 2), ficou evidente que a igreja precisava de uma estratégia para permanecer, para se solidificar e também para se reproduzir. Desde o início de seu ministério apostólico, Paulo nunca planejou viajar sozinho para pregar o evangelho. Em todas as suas jornadas, ele estava acompanhado por outros (At 13.13; 15.36-41). Este é um modelo presente em suas cartas. Mas qual o propósito dele viajar com outros? Certamente era para ter o apoio necessário durante as suas viagens, mas especialmente era para se reproduzir em outros, permitindo que o vissem em ação, e depois, aplicassem em seus futuros ministérios o que viram e ouviram dele. Ele estava discipulando os seus seguidores, crentes em Cristo.
A palavra discípulo quer dizer “aprendiz”, “aquele que segue seu mestre e o imita”. Logo, o discípulo de Cristo é um aprendiz, é um imitador do Mestre. Esta definição já fornece um propósito tanto para o discipulador como para o discípulo (Rm 8.29). Paulo chama a si mesmo de discípulo de Jesus, e encoraja os seus seguidores a imitá-lo naquilo que ele imita a Cristo (1Co 11.1).
Discipulado é o processo, que tem início na conversão e se desenvolve por toda a vida, pela qual uma pessoa
torna-se gradualmente semelhante a Cristo.
Neste processo, Deus usa pessoas mais experientes e maduras para investir na vida dos menos experientes. Mais velhos na fé para investir na vida dos mais novos. Este é o aspecto humano do processo, é a estratégia de Deus para perpetuar a igreja e amadurece-la (Ef 4.11-16). O apóstolo Paulo repete esta idéia em Rm 15.14, Cl 3.16 e, ao final de sua carreira, ele faz a seguinte afirmação ao seu filho na fé, Timóteo: “E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.2). Este foi e tem sido o modelo de Deus para manter e esparramar as fronteiras da igreja no mundo. Algumas conclusões, então são:
  1. O discípulo é aquele que está comprometido com Cristo;
  2. O discípulo é aquele que está comprometido com a causa de Cristo e com a sua igreja local;
  3. O discípulo é aquele que está comprometido com a reprodução na vida de outros
O que é para ser reproduzido na vida de outros?
  • O amor a Deus, ao Seu Filho Jesus e à sua Palavra (Sl 119.97; Mt 22.34-38);
  • O ensino aprendido seja o formal como o informal (2Tm 3.16-17);
  • A comunicação de um padrão de vida baseado nas Escrituras. Aqui está o fornecimento de modelo que na verdade é o ensino não formal (1Tm 4.12; Tt 2.7);
  • O amor pelas pessoas. É uma forte ênfase nos relacionamentos (João 13.34-35; Rm 13.8-10);
O discipulado é um processo para a vida toda. Em nossos dias onde as respostas aos nossos pedidos são imediatas (microondas, terminal eletrônico, telefone, internet, etc) muitos de nós quer acelerar um processo que exige tempo para se realizar. Deus não nos apresenta fórmulas instantâneas para o discipulado e para a transformação à imagem do Filho. Ele nos convida a segui-lo de onde estamos. Na verdade, o tempo em si não promove as transformações de caráter. Porém as transformações do nosso caráter exigem tempo, se processam no tempo. A W Tozer escreveu o seguinte: “É a transformação, e não o tempo, que faz os néscios se tornarem sábios, e os pecadores, santos”.
No processo do discipulado, é preciso que o discipulador seja:
1. Dominado pela graça de Cristo
Paulo quando escreve a seu filho na fé Timóteo, ele o instrui da seguinte maneira: “Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2Tm 2.1). A graça do Pai e do Filho é um dos alicerces para o discipulado eficaz. Ao escrever para os coríntios, Paulo acentua que Ele não tem capacidade própria, mas que depende inteiramente da graça de Deus ( 2Co 3.5).
Onde é então que obtemos essa graça? O autor do livro de Hebreus nos diz em Hb 4.16. Pedro acrescenta ainda que a graça para um viver abundante decorre de um conhecimento contínuo do nosso Senhor Jesus (2Pe 1.2). Logo, ser dominado pela graça, é ser totalmente dependente do Senhor para o processo do discipulado.
2. Dedicado ao ministério do discipulado
Paulo orienta a Timóteo a que ele se reproduza (2Tm 2.2). Discipulado é comunicação de ensino e vida para outros, para que eles façam o mesmo a seguir, e assim sucessivamente. “Transmite” é um imperativo. Não é uma opção, é uma ordem. Quando nos reproduzimos em outros e esses outros em outros, o discipulado se perpetua e a multiplicação acontece. Porém, o processo começa em nós.
3. Disciplinado para uma vida que agrade a Deus
A fim de não nos tornamos semelhantes aos escribas e fariseus que faziam exigências aos seus discípulos que não estavam dispostos a eles mesmos levarem, é preciso um compromisso firme como o nosso desenvolvimento pessoal diante de Deus (2Co 5.9). Antes de nos tornamos modelos para outros, precisamos nós mesmos ser modelados pelo nosso Senhor para viver uma vida inteira que o agrade (2Tm 2.3-4). Viver como um bom soldado de Cristo é viver uma vida disciplinada, que o agrade, uma vida para Glória Dele (1Co 10.31).
Ser um discípulo e ao mesmo tempo um discipulador é um grande privilégio. A nossa oração é para que o Senhor te dê encorajamento na caminhada e uma disposição renovada diante dos desafios que o investimento na vida de outros traz. Àquele que nos capacita para toda boa obra seja toda a glória.

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