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A colação de grau aconteceu na própria penitenciária. A cerimônia contou com a presença do secretário de Segurança do DF, Sandro Avelar, como paraninfo.
"Ao meu ver o ensino é capaz de mudar o caráter e a vida de um homem", afirma o detento. "Independentemente de eu viver no cárcere hoje, isso aqui é mais uma conquista, mais uma prova da minha mudança."
Condenado a 20 anos e 4 meses de prisão por extorsão seguida de sequestro, Santos diz que estudou seis horas por dia durante quatro anos. Pelo mesmo período, a irmã e professora Glaucenira Ferreira frequentou a faculdade duas vezes por semana.
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Era ela quem gravava com uma câmera digital as aulas presenciais
obrigatórias. Glaucenira copiava os vídeos para um pendrive e levava
para o irmão nos dias de visita na Papuda.Antes de ser entregue ao detento, o material era analisado por agentes da polícia. Santos assistia as aulas no laboratório de informática da Papuda.
Sobre a importância da irmã, Santos diz que ela foi "101%". "Se não fosse ela, o apoio dela e de toda minha família (...) Até por não poder estar presencialmente na faculdade, ela foi meus olhos e meus ouvidos."
Glaucimar Ferreira dos Santos durante colação de grau na Papuda (Foto: Isabella Formiga/G1)
Além da ajuda da irmã, o detento contou com apoio da família para
custear os estudos. Com a bolsa parcial que obteve junto ao centro de
ensino, a mensalidade do curso bancada pelos familiares foi de R$ 294.Santos diz que passou no exame no Enem em 2008 e começou os estudos no ano seguinte, depois de conseguir uma autorização da Justiça para fazer o curso. As provas eram lacradas antes de chegar à penitenciária e voltavam lacradas para a faculdade.
Ele só havia concluído o primeiro ano do ensino médio quando foi para o presídio, há seis anos. Como se formou pela Escola de Jovens e Adultos (EJA) e no ensino superior dentro da prisão, ele obteve a progressão da pena. Em janeiro de 2014 ele pode entrar para o regime semiaberto.
O detento diz que pretende fazer mais duas faculdades. Ele afirma que quer estudar Gestão de Pessoas e Direito. "Não é fácil, mas também não é impossível", diz.
Exemplo
O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, elogiou a iniciativa do interno de usar o tempo encarcerado para estudar. Segundo ele, muitos presidiarios preferem fazer "pós graduação e doutorado no mundo do crime".
"Estou feliz e admirado da sua conquista", disse o secretário. "É um exemplo extremamente valoroso", afirmou Avelar.
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