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Imagem: Exame |
CARLOS CHAGAS
Joaquim Barbosa já sofre as agruras de quem infunde medo. Traduzindo:
pequenas notinhas maldosas contra ele, publicadas na imprensa, fazem
parte de uma ação coordenada dos que temem sua candidatura, operação
destinada a se repetir na medida do crescimento de seu nome nas
pesquisas sobre a sucessão de 2014. É possível que o presidente do
Supremo Tribunal Federal acabe aceitando disputar o palácio do
Planalto, ainda que impedido de apresentar-se como candidato avulso, sem
partido, proposta por ele defendida mas que o malogro da reforma
política deixará para as calendas. Se aceitar enfrentará o
constrangimento de sua apresentação por um pequeno partido, apesar de
haver declarado que todas as legendas são de “mentirinha”.
Vai-se formando uma espécie de frente ampla, integrada pelo PT, o PMDB,
o PSDB, o PSB e o novo partido de Marina Silva, visando exorcizar o
fantasma capaz de tirar-lhes o sono e o sossego. Ainda que, no caso dos
três últimos partidos referidos acima, seus líderes adorassem ter
Joaquim Barbosa como candidato a vice.
De umas semanas para cá, ele interrompeu as negativas de que não será
candidato, de que nunca lhe passou pela cabeça entrar na política. Até
porque, querendo ou não, já entrou.
De público, os principais assessores de fato e de direito da presidente
Dilma evitam raciocínios incluindo Joaquim Barbosa na equação
sucessória, mas em suas conversas reservadas alertam para a hipótese
nascida nas ruas. Comparam o polêmico ministro a uma espécie de Jânio
Quadros reformado, em condições de transitar diretamente na opinião
pública, acima e além dos partidos, com mensagem áspera e implacável.
É claro que nada disso poderá configurar-se, primeiro se voltar a ser
expressa a recusa peremptória de um ex-futuro candidato. Depois, porque
ninguém garante a repetição do fenômeno Jânio Quadros, aliás, imitado
de forma esmaecida por Fernando Collor, ambos algozes dos partidos.
Estes ainda dispõem de poder, apesar da desmoralização. Por enquanto,
resta aguardar, mas mantendo atenção numa paráfrase hoje um pouco fora
de moda: “um fantasma ronda a sucessão”.
DIÁRIO do PODER/montedo.com
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