por Thais Herédia |
categoria economia
Como tudo na vida, sempre há pelo menos dois lados da mesma
história. O resultado do PIB de 2012 é feio: 0,9% de crescimento é de
frustrar até os pessimistas. Percorrendo os olhos pela tabela com o
desempenho dos setores da economia e do investimento no ano passado,
divulgados pelo IBGE, dá até desânimo.
O investimento foi o grande vilão, nisso concordam os otimistas e os
pessimistas. A queda de 4% na formação bruta de capital fixo (FBCF) é
prova cabal da falta de confiança dos empresários e da inanição da
indústria nacional.
Mas, todavia, porém, nessa mesma tabela com os dados do PIB, há
alguns sinais de alento. A taxa de investimento cresceu 0,5% na passagem
do terceiro para o quarto trimestre, depois de vários trimestres
seguidos de queda. Não foi suficiente para salvar o resultado do ano,
mas pode ser um sinal de fumaça de que os investidores estão voltando.
Em 2013, o investimento precisa ser o herói da economia. O instinto
animal dos empresários ainda está acuado, esperando para ter certeza de
que as coisas podem mesmo melhorar. O pacote de concessões, se o governo
conseguir convencer que está apresentando o melhor plano de parceria
com a iniciativa privada, pode ser uma boa inspiração para atrair mais
investidores e seus recursos.
Da mesma forma a confiança precisa voltar. Ela ainda patina entre
empresários da indústria, do setor de serviços e agora atinge até os
consumidores – eles sim, os grandes responsáveis pelo PIB de 2012. Se o
fôlego das famílias para gastar diminuir esse ano, a indústria terá um
papel importante na injeção de ânimo na economia.
O mesmo vale para o setor agropecuário, que levou um tombo no ano
passado – queda de 2,3%, segundo o IBGE. O baque foi pior do que
esperavam os analistas. Mas pode e deve se reverter, levando a
agropecuária a ser a grande líder da economia esse ano – se nada de
muito grave acontecer lá fora.
A interpretação mais comum nas análises do PIB de 2012 recai sobre os
juros. Se a economia estiver mesmo se recuperando, mesmo que num ritmo
mais lento, o Banco Central pode se sentir mais livre para controlar a
inflação. No nível em que está, talvez ela precise de um tratamento de
choque para voltar para o seu devido lugar – mais perto possível da meta
de 4,5%.
Não dá para gostar de um PIB de 0,9%, num país do tamanho do Brasil.
Olhando para trás, só se vê um copo meio vazio. Olhando para frente, a
coisa pode estar mudando de figura. Olhando bem de perto, até dá para
enxergar o copo meio cheio. Se ele vai transbordar durante ano, aí
depende da disposição do dono da festa.
fonte: http://g1.globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário