Polêmica na parada gay de Alagoinhas,
a cerca de 100 km de Salvador. A Ordem dos Advogados do Brasil seção
Bahia (OAB-BA) considerou inconstitucional a decisão de um juiz que
proibiu a participação de adolescentes no evento realizado no domingo
(1º). A proibição incluía jovens menores de 16 anos.
Os jovens de 14 e 15 anos só puderam participar
da parada porque o juiz José Brandão Neto acatou uma representação da
Ordem, que fez com que o magistrado tirasse da decisão a multa prevista
aos pais que permitissem a participação dos adolescentes. Mesmo assim,
manteve a proibição da presença de menores de 14 anos
Na portaria, o juiz afirma que a parada gay é um tipo de manifestação
que atrai o público infantil e que menores de 18 anos não têm
personalidade nem maturidade para escolher a opção sexual. Cita também o
Estatuto da Criança e do Adolescente que, segundo o documento,
considera inadequado "espetáculos desta natureza".
A comissão da diversidade sexual e combate à homofobia da OAB
considerou inconstitucional a portaria baixada pelo juiz. "A gente tem
aqui [no documento] restrição a direitos fundamentais do cidadão, que
como cidadão tem que se incluir também crianças, jovens e adolescente,
como direito de liberdade de expressão, de ir e vir, e o direito ao
exercício da dignidade da pessoa humana através da vertente de sua
sexualidade", apontou Vânia Reis, coordenadora da comissão.
Por telefone, o juiz, que é substituto na comarca de Olindina, falou
sobre a polêmica. "Existe essa tentativa de tentar, eventualmente,
intimidar os juízes que sempre buscam as melhores soluções para a
sociedade. Infelizmente, alguns setores tentam enfraquecer o poder
judicário, mas é o próprio judicário, através do Tribunal de Justiça,
que vai dizer quem está com a razão nesse caso", disse.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) também classificou como preconceituosa a
portaria assinada pelo do magistrado. "A gente espera que com essa ação
da OAB seja efetiva, que situações como essa não sirvam de exemplo para
outras comarcas. E se existirem [outras] nós do GGB iremos entrar com
ações para que situações como essas não aconteçam", disse Marcelo
Cerqueira, presidente da entidade.
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