Antes de morrer, o líder bolivariano Hugo Chávez já havia se colocado ao lado de Jesus e de e Simón Bolívar, como os protetores espirituais da Venezuela.
Logo após ter perdido a batalha contra o câncer, no início de março,
uma animação foi divulgada pela TV estatal venezuelana ViVe, mostrando o
ex-presidente chegando ao céu, onde foi recebido por personagens
históricos como Che Guevara, Simón Bolívar, Salvador Allende e Eva
Perón.
Nicolás Maduro, escolhido por Chávez para sucede-lo na presidência,
durante meses insistiu publicamente em seus discursos que o líder da
revolução venezuelana foi “um tipo de novo Jesus”. A tal ponto que,
quando foi anunciado que o novo papa era um cardeal argentino, Maduro
comemorou o fato que Chávez teria influenciado Cristo para que o sumo
pontífice eleito fosse sul-americano.
Na mesma época, o ex-presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou “Embora Hugo Chávez não esteja mais entre nós, tenho certeza que seu espírito inocente subiu aos céus
e um dia irá voltar para nós com Jesus Cristo e poderá mais uma vez
ajudar a humanidade a estabelecer a paz, a justiça e a bondade.”
Mês passado, Maduro comparou novamente o ex-presidente com Jesus e
declarou que Chávez também teve, como missão na Terra, “proteger aqueles
não possuíam nada”. “Cristo fez-se carne, fez-se nervo, fez-se verdade
em Chávez”, asseverou Maduro durante uma cerimônia no Quartel onde “El
comandante” foi sepultado.
Aparentemente, grande parte dos venezuelanos acreditam que, mesmo sem
o aval da Igreja Católica, Chávez se tornou “santo”. Seis meses após
sua morte, são comuns os pequenos altares montados em casas de famílias e
pelo governo que o mostram como interlocutor diante de Deus.
A frase “Chávez nosso que estás nos céus” é usada para iniciar várias
rezas e também foi o nome escolhido para o concurso do Ministério da
Cultura da Venezuela que irá premiar o melhor poema, canção e mural que
homenageie o “comandante supremo e eterno”. Curiosamente, é esse o
título de uma série de vinhetas animadas exibidas durante a programação
pelo canal estatal Barrio TV.
Lojas de artigos religiosos vendem imagens de Chávez em gesso de
diversos tamanhos, com e sem o uniforme militar. Dependendo do tipo, os
preços variam entre 80 bolívares (R$ 30) e 950 bolívares (R$ 350).
O pequeno “é o que vende mais”, explica Yusmari, vendedora da loja El
Cristo II, dizendo que já se esgotaram as imagens do “santo” sem
uniforme militar. Já Albert Madrid, funcionário da loja El Príncipe de
los Arcángeles, explica que só começaram a vender as imagens do ex-presidente por causa da insistência dos clientes.
Nas prateleiras, a figura de Chávez está ao lado de figuras de
“divindades” da religião iorubá, de matriz africana, e parte do
sincretismo religioso venezuelano. Equivalentes aos orixás no Brasil.
Também aparecem María Lionza e os heróis da independência Simón Bolívar e
Pedro Camejo, para os quais muitos venezuelanos também rezam. Com informações de El Espectador, Terra e Diário Extra.
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