sábado, 13 de outubro de 2012

Afeto e limites claros podem manter seus filhos adolescentes longe das drogas


Relações familiares saudáveis são um componente decisivo na hora de o jovem decidir ou não usar drogas

Faz parte da natureza do adolescente querer testar limites, confrontar, experimentar. Por isso, é crucial preparar o jovem para as oportunidades que, com certeza, virão para que ele prove drogas ilícitas nessa fase da vida. Não há como isolar seu filho diante da ampla oferta na sociedade atual, mas uma postura clara dos pais sobre o assunto –e o vínculo afetivo que foi construído– pode determinar como será a reação do jovem.

"A atenção da família é muito importante e se constrói ao longo da vida, não só na adolescência", afirma Ivone Ponczek, diretora do Nepad (Núcleo de Estudos e Pesquisa em Atenção ao Uso de Drogas) da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

No artigo "Fatores de Risco e de Proteção para o Uso de Drogas na Adolescência", Miriam Schenker, do Nepad, e Maria Cecília de Souza Minayo, do Centro Latino-Americano de Estudos da Violência e Saúde Jorge Careli, também colocam que "relações familiares saudáveis desde o nascimento da criança servem como fator de proteção para toda a vida e, de forma muito particular, para o adolescente".

Você mexe nas coisas do seu filho adolescente com medo de que ele lhe esconda algo?

Resultado parcial

Conversa, muita conversa

Mas, para estabelecer uma comunicação eficiente, os pais têm de buscar compreender o que leva o adolescente a usar drogas, o que passa, entre outros fatores, pela busca de prazer, não de sofrimento. O jovem quer experimentar sensações como extroversão, fazer parte de um grupo, sentir que tem autonomia em relação à família.

Nesse contexto, segundo Vera Lúcia Polverini, do CAPS AD 3 Luís Brant (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), de Guarulhos (SP), unidade de saúde responsável por atender dependentes de álcool e de drogas, de nada adiantam os discursos sobre os malefícios das drogas feitos por pais que, raramente, conversam com os filhos. O resultado da fala é apenas um sermão desagradável ao qual os adolescentes não dão a menor atenção.

"O discurso do traficante é muito sedutor e a linguagem dele é parecida com a do adolescente. Por isso, a conversa dos pais precisa ser informativa sobre o mundo das drogas e agradável de escutar", diz a especialista.

O quê e como falar

A conversa com o jovem tem de abordar os riscos associados ao uso de substâncias químicas, como a possibilidade de se tornar dependente delas e de comprometer o desenvolvimento como pessoa.

Na construção de um diálogo franco e aberto, é importante que os pais saibam que é imprescindível ouvir muito o que o adolescente tem a dizer, pois ele vai trazer informações sobre o comportamento de sua geração, que os pais desconhecem –e que podem ser esclarecedoras sobre a forma como ela se relaciona com as drogas.

Em seu texto, as pesquisadoras Miriam e Maria Cecília colocam que, na sociedade atual, o uso de drogas tem o mesmo “significado social e psicológico” que a bebida alcoólica teve para gerações anteriores, muito calcado na construção de uma imagem de independência.
Ivone Ponczek diz que uma estratégia que os pais podem utilizar quando o filho se mostra arredio em conversar é buscar a ajuda de uma pessoa com quem o jovem tenha uma relação de proximidade. "Vale um tio, um amigo, namorado ou namorada. Mas tem de ser alguém, verdadeiramente, disposto a ajudar."
E não há regras estabelecidas sobre o que falar com o filho, já que cada família tem seus valores e crenças. Mas Ivone recomenda cautela para os pais que resolvem compartilhar experiências que tiveram com drogas na juventude. "Tem de tomar muito cuidado para a fala não soar como apologia", declara a especialista.
fonte: http://mulher.uol.com.br/

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