Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Ministério Público do Rio Grande do Sul deverá denunciar
os responsáveis pelo incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS),
ocorrido em janeiro, por homicídio doloso qualificado – em que a pessoa
assume o risco por sua atitude, mesmo sabendo que a conduta pode
resultar em morte. Devem ser denunciadas as quatro pessoas que estão
presas: os proprietários da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro
Hoffman, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus
dos Santos, e o produtor Luciano Augusto Bonilha Leão.
“[Nossa intenção], em princípio, é denunciar por homicídio doloso
qualificado essas pessoas que estão mais próximas do incêndio, vamos
dizer, do fato em si. São aquelas pessoas que tinham domínio sobre o
local e que poderiam, de algum modo, ter evitado a tragédia. Vão ser
denunciadas, nessa primeira etapa, por homicídio doloso qualificado, em
função da asfixia, em princípio”, disse à Agência Brasil
o promotor Joel Dutra.
Segundo ele, outras pessoas, além dos quatro já presos, podem ser
denunciadas, a depender de informações do inquérito da polícia, que
ainda não foi concluído. Para o promotor, os proprietários e os dois
músicos agiram sem se importar com a segurança do público. “Eles teriam
como prever que um resultado trágico poderia acontecer e, mesmo assim,
continuaram o que estavam fazendo, não se importando com a segurança”,
destacou.
De acordo com Dutra, após a denúncia das pessoas relacionadas
diretamente ao incêndio, os agentes públicos, a prefeitura e o estado
poderão ser processados. “Em um segundo momento, o inquérito policial
irá continuar apurando conduta de possíveis responsáveis. E aí estarão
incluídos, talvez, os agentes públicos”.
A promotoria terá cinco dias para apresentar a denúncia à Justiça após o
encerramento do inquérito policial, previsto inicialmente para o
próximo fim de semana. “O inquérito está com 3 mil páginas e para ler
isso em cinco dias, não é muito fácil. Vamos fazer uma força-tarefa para
construir essa peça o mais rápido possível. Mas o prazo pode ser
ultrapassado em razão da complexidade”, acrescentou.
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