A Reitoria da Universidade Estadual de
Feira de Santana (Uefs) divulgou nota pública à comunidade na tarde de
sexta-feira, 28 de fevereiro, informando que está sem receber dinheiro
do governo petista e com isso não consegue pagar nem mesmo contas como
água, luz e telefone. Entre os prejudicados com o calote incluem-se
inclusive estudantes que estão fora do país, em intercâmbio
internacional.
A Reitoria fiz que a situação ameaça até
mesmo as atividades rotineiras que ocorrerão a partir do início do
semestre. Além da retenção de recursos por parte do governo petista, a
nota aponta dificuldades operacionais com um novo Sistema de
Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan).
Estão atrasados pagamentos
relativos a despesas com viagens e aquisição de material de consumo.
Impostos não estão sendo pagos e as obras de laboratórios e salas de
aula que deveriam ter sido concluídas em janeiro permanecem inacabadas. A
situação coloca em risco a continuidade de projetos que dependem da
obtenção de financiamentos com regras rígidas contra inadimplência.
A nota informa aos credores que os
pagamentos não dependem da administração da Universidade e que esta
continuará fazendo gestões junto ao governo petista para receber os
repasses e providenciar a quitação das dívidas.
ÍNTEGRA DA NOTA À COMUNIDADE
SOBRE A EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA UEFS EM 2013, RESTOS A PAGAR E DESPESAS DO EXERCÍCIO ANTERIOR
Nestes primeiros meses de
2013, a UEFS não tem conseguido regularizar débitos contraídos ao final
do ano de 2012. O grande volume de recursos retidos pelo Tesouro
Estadual (inclusive os relativos ao presente exercício) e as
dificuldades operacionais do novo Sistema de Planejamento, Contabilidade
e Finanças (FIPLAN) atingem os mais diversos serviços e projetos
institucionais.
Estão em atraso, por
exemplo, pagamentos relativos a despesas com viagens, aquisição de
material de consumo e bolsas institucionais (até mesmo as de estudantes
em intercâmbio internacional). As contas mensais de concessionárias de
água e esgotos, de telefonia e de energia elétrica estão sem pagamento.
Os tributos municipais e federais não têm sido liquidados. E estão
comprometidos os cronogramas de conclusão de obras de laboratórios e
salas de aula, previstos para ocorrerem até o mês de janeiro, em
decorrência da falta de pagamento dos serviços realizados até dezembro
de 2012.
Ainda não é
possível mensurar-se a extensão dos prejuízos às atividades de ensino,
extensão e pesquisa. Mas as limitações decorrentes destes atrasos
provocam inadimplemento de requisitos fiscais e de prazos,
ameaçando a continuidade de diversos projetos interinstitucionais, bem
como podem vir a impedir que a UEFS obtenha novos financiamentos
externos, principalmente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Igualmente, a ausência de pagamentos de bolsas ameaça a própria
sobrevivência de centenas de estudantes, comprometendo a política
universitária de permanência estudantil. Com o iminente início do
Semestre Letivo 2013.1, até mesmo serviços essenciais às atividades
institucionais podem ser seriamente afetados.
É importante esclarecer-se
que a UEFS encerrou o exercício financeiro de 2012 com Restos a Pagar
(RP) da ordem de R$ 6,4 milhões, em razão de dificuldades do Estado na
liberação de pagamentos, embora a Universidade tenha realizado, em tempo
hábil, todos os procedimentos cabíveis, dentro dos limites de sua
dotação orçamentária. Outros créditos relativos àquele ano (e que
exercem impacto sobre o orçamento de 2013) foram registrados como
Despesas de Exercícios Anteriores (DEA), no início de 2013, em montante
estimado de R$ 2,5 milhões.
Em anos anteriores, esses
créditos eram recebidos a partir de fevereiro, sendo que a execução
orçamentária do exercício iniciava-se na segunda quinzena de janeiro.
Porém, na prática, os procedimentos do referido FIPLAN ainda não estão
suficientemente difundidos e equacionados, de modo a permitir execução
financeira com a rapidez e eficiência necessárias. Isso implica que, até
o presente momento, apesar de todos os esforços institucionais,
pagamentos das despesas relativas ao ano de 2012 continuem emperrados,
em prejuízo de pessoas físicas e jurídicas, fornecedores e prestadores
de serviços. Ainda, em consequência, não há, sequer, como se estabelecer
previsões para as liberações de recursos por parte do Tesouro Estadual.
A Reitoria da UEFS,
considerando a gravidade da situação, tem envidados os esforços
necessários à superação das barreiras e resolução do problema. Porém,
sente-se no dever de esclarecer a comunidade universitária, aos seus
credores e ao público em geral que, neste momento: 1) os pagamentos aos
credores não dependem apenas das ações internas da UEFS; 2) suas equipes
continuam buscando soluções para o problema, no mais breve tempo
possível; e, finalmente, 3) continuará empenhando-se, junto ao Governo
do Estado, para garantir os recursos necessários ao atendimento das
demandas da Universidade.
Feira de Santana, 28 de fevereiro de 2013.
A Reitoria
Com informações do Blo Demais, do jornalista Dimas Oliveira.
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