O antropólogo e escritor T. M. Luhrmann publicou um artigo no New
York Times sobre o efeito da religião sobre a saúde de quem frequenta
cultos em igrejas cristãs.
Luhrmann realizou um estudo sobre o tema e publicou recentemente um
livro intitulado When God Talks Back: Understanding the American
Evangelical Relationship With God, ainda sem título em português (em
tradução livre, pode ser entendido como “Quando Deus Responde:
Entendendo a Relação dos Evangélicos Norte-Americanos com Deus”).
“Uma das descobertas científicas mais impressionantes sobre religião
nos últimos anos é que ir à igreja uma vez por semana faz bem.
Frequentar a igreja – e no mínimo, a religiosidade – melhora o sistema
imunológico e diminui a pressão arterial. Isso pode acrescentar até dois
ou três anos de vida. A razão para isso não está inteiramente clara”,
diz Luhrmann.
No artigo, Luhrmann afirma que outros pesquisadores chegaram a
conclusões semelhantes: “Um estudo realizado na Carolina do Norte
descobriu que fiéis frequentes tinham redes sociais maiores, com mais
contatos, mais afeição e mais tipos de apoio social do que as pessoas
que não frequentavam igrejas. E nós sabemos que o apoio social está
diretamente ligado a uma saúde melhor”, observa o antropólogo.
As doutrinas pregadas pelas igrejas também contribuem para uma vida
significativamente mais saudável, segundo Luhrmann: “O comportamento
saudável é, sem dúvida, outra parte. Certamente muitos fiéis lutam com
comportamentos que gostariam de mudar, mas, em média, os frequentadores
regulares de igrejas bebem menos, fumam menos, usar menos drogas
recreativas e são menos sexualmente promíscuos do que os outros”,
pontua.
A fé, para os cristãos, é algo que simboliza a crença no que não é
visível, mas real. Para Luhrmann, a convivência com esse exercício pode
proporcionar experiências positivas, com influências diretas na saúde.
“Qualquer religião demanda que você vivencie o mundo como algo mais
do que é apenas material e observável. Isso não significa que Deus é
imaginário, mas que, como Deus é imaterial, os que creem nele precisam
usar sua imaginação para representar Deus. Para conhecer Deus numa
igreja evangélica, você deve experimentar o que só pode ser imaginado
como real, e você deve experimentar isso como algo bom”, conceitua o
antropólogo.
Lurhmann diz que a comunidade científica tem “cada vez mais provas de
que o que os antropólogos chamariam de ‘curas simbólicas’ têm efeitos
físicos reais sobre o corpo. No cerne de alguns destes efeitos
misteriosos pode estar a capacidade de confiar que aquilo que só pode
ser imaginado seja real, e seja bom”.
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