O presidente da
Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Wadih Damous, classificou como "guerra" o modelo de segurança
pública adotado no país, ao comentar os resultados do relatório da
Anistia Internacional sobre atuação da polícia no país.
Divulgado ontem (22), o relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo aponta
que a polícia brasileira utiliza métodos repressivos e discriminatórios
no combate ao crime, como prática de tortura, desaparecimentos e
execuções sumárias. A Anistia Internacional avaliou as condições e o
respeito aos direitos humanos em 159 países em 2012.
"Infelizmente,
o relatório da Anistia Internacional não me surpreende. A nossa
segurança pública é tratada como guerra", disse Damous. "Existe hoje na
polícia uma política de confronto. Enquanto esse tipo de formação for
imposta aos agentes de segurança pública, esta situação não mudará. Quem
acaba pagando o preço são os próprios policiais, que são vítimas deste
processo. E a população, sobretudo a população pobre de jovens negros e
favelados, é vista como o inimigo a ser enfrentado".
Para Damous,
parte da população apoia ações violentas da polícia, por acreditar que a
pobreza estimula o aumento dos índices de criminalidade, representando
uma ameaça à segurança nas cidades.
"A pobreza e a miséria se
combatem com política econômica distributiva, saúde, educação e emprego.
Essas operações da polícia acabam tendo respaldo de vários setores, que
acham que bandido bom, é bandido morto. E esse modelo têm que ser
substituído pela convicção de que o combate à criminalidade deve estar
dentro da lei, dentro da Constituição e dos parâmetros que a nossa
legislação estabelece", argumentou.
De acordo com o relatório, em
São Paulo, o número de homicídios aumentou 9,7% entre janeiro e setembro
de 2012 em relação ao mesmo período do ano anterior. Apenas em novembro
passado, 90 pessoas foram mortas por policiais no estado. A explicação
seria o aumento dos confrontos com organizações criminosas. Em maio,
três policiais da tropa de choque foram presos acusados de executar um
suspeito.
O documento aponta que políticas, como as unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro, contribuíram para a
diminuição no número de homicídios. Porém, a ação de milícias em muitas
favelas continua, principalmente na zona oeste da cidade.
Extraído do Jornal do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário