Mesmo após concluir a faculdade de
Direito aos 70 anos de idade, dona Darci Mendonça Moreno não parou de
estudar. Ela atribui à sua rotina diária de estudos o fato de, hoje, aos
71 anos, estar entre os aprovados no exame da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB).
Dos cerca de 114 mil inscritos no país, apenas 10% passaram no teste. O resultado foi
divulgado na semana passada. Após checar na internet que havia sido
aprovada, a primeira coisa que fez foi avisar os amigos no Facebook –
rede social que acessa todos os dias.
Mãe de uma filha e avó de uma neta,
Darci diz que sempre contou com o apoio da família. “Elas ficaram muito
felizes”, contou a advogada, que mora sozinha em Jardim Camburi,
Vitoria.
Dona Derci conta que nunca fez cursinho,
pois, já que não trabalha, conseguiu ter a disciplina necessária para
estudar. Mas a sua familiaridade com as provas começou muito antes,
desde quando ela se aposentou pela primeira vez.
Ex-professora primária, também trabalhou
como secretária executiva. E conta que, após 30 anos de serviço, ficou
um ano fazendo tudo aquilo que não teve tempo de fazer antes, como
viajar. Depois, começou a estudar para concursos.
Estudiosa
Darci passou em três concursos públicos,
como o do Tribunal de Contas do Espírito Santo, mas optou pela Justiça
Federal, onde ficou por 14 anos. “Como eu atuava na Vara de Execução
Fiscal, senti que precisava do Direito.”
Assim, aos 65 anos, começou a fazer
faculdade, pela primeira vez. Ela ia às aulas de manhã e trabalhava à
tarde. Como trabalho de conclusão de curso, descreveu processos eletrônicos.
“Hoje, os advogados mandam as petições pela internet. No futuro você
não vai mais achar prateleiras de processos, cheias de papéis.”
Aos 70 anos, ela foi aposentada
compulsoriamente. Dona Derci, inclusive, defende a chamada Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) da Bengala, que propõe aumentar para os 75
anos a idade máxima para a aposentaria compulsória dos juízes. “Eles
estão no auge da sabedoria, ainda podem trabalhar.”
Como não pode mais fazer concursos por
conta da idade, ela pretende advogar voluntariamente na Justiça Federal,
um serviço oferecido para pessoas que não podem pagar um advogado.(Cristiana Euclydes)
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