André Juliano, estudante de Design da ESPM no Rio Grande do Sul, tenta
desde dezembro do ano passado se candidatar a uma vaga no programa
Ciência sem Fronteiras
. Criado em 2011, ele financia bolsas de intercâmbio em diversos países.
O projeto é a menina dos olhos da presidenta Dilma Rousseff.
O jovem é um dos vários universitários da área de Design
que, desde então, haviam perdido as esperanças de tentar fazer do sonho
uma realidade. Uma falha no sistema de cadastro impedia esses estudantes
de se inscrever na disputa pelas vagas abertas no final de novembro.
As reclamações dos estudantes levaram o Ministério da
Educação a corrigir os problemas relatados por eles e, para que todos
tenham tempo de se candidatar, prorrogar as inscrições dos editais
abertos. O período para se inscrever terminaria no dia 14 de janeiro e,
agora, se estenderá até o dia 24.
De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
40 mil inscrições já foram feitas. Até 2015, o governo federal espera
oferecer 101 mil bolsas. Atualmente, cerca de 18 mil já foram
oferecidas. O programa, que privilegia a oferta de intercâmbio para
estudantes das áreas tecnológicas, foi questionado na Justiça no fim do
ano passado.
Falhas técnicas
O problema ocorreu porque cerca de 20 cursos, da área de
Humanas, foram retirados do atual edital de bolsas. As graduações fazem
parte da área de Indústria Criativa e, por isso, seus estudantes podiam
se candidatar às vagas do programa. André e os colegas do Design estavam
incluídos nesse rol.
Com a mudança do edital, estudantes se revoltaram. Além
de criarem grupos de protesto em redes sociais, decidiram bombardear as
centrais de atendimento do Ciência sem Fronteiras com perguntas e
procuraram apoio da Justiça para resolver o impasse. A decisão judicial
foi favorável a eles.
Mesmo com o apoio da Justiça, muitos alunos continuaram
sem conseguir se inscrever no programa. No rol dos cursos disponíveis,
eles não conseguiam encontrar o nome
que correspondia ao da graduação que cursam na faculdade. Cada uma tem
um nome diferente para o curso de Design. E só os nomes exatos permitiam
o cadastro.
André e universitários de diferentes Estados insistiram
em pedir ajuda por telefone e email para os responsáveis pela execução
do Ciência sem Fronteiras, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Sem sucesso.
Retrospectiva 2012: Ciência sem Fronteiras cumpre 20% da meta no ano
“Em todas as tentativas, não sabiam responder e pediam
para que o problema fosse enviado por e-mail. As respostas burocráticas
não explicavam ou resolviam nada, questionavam como forma de justificar
que não estávamos fazendo direito e por isso não podiam fazer nada.
Simplesmente informavam um número de protocolo e diziam que o problema
foi encaminhado para o setor responsável”, conta André.
A Capes já havia prometido resolver o problema técnico,
mas, até esta terça-feira, muitos estudantes continuavam sem conseguir
completar o cadastro. André é um deles. Ele, junto com outros colegas,
pediu apoio da instituição, que também tenta compreender quando a falha
será corrigida.
Desilusão
Caroline Martini Brasaca, de 21 anos, é uma das
universitárias que estava desiludida com o programa. Estudante do 3º
semestre do curso de Design da Universidade Federal de Pelotas, ela
também insistia todos os dias com os organizadores do programa para
saber como se inscrever.
“Consegui hoje. Quero ir para o Canadá. Eu já estava
desanimada, ninguém conseguia me dar uma explicação. Agora, espero que
dê certo”, disse. André comemorou com os colegas – muitos desconhecidos,
mas companheiros dos grupos de discussão – as conquistas dos que
conseguiram se inscrever. E torce para fazer parte do grupo ainda.
André conta que, diretores da faculdade conseguiram falar
com responsáveis pelo programa na Capes, que prometeram regularizar a
situação até esta quarta-feira. De acordo com o Ministério da Educação, a
informação exigida no cadastro voltará a ser a área de estudo e não o
nome exato do curso.
“Estou contente por causa do movimento que houve, mas só
vou ficar satisfeito quando ver minha inscrição concretizada. É um misto
de frustração e alegria por ter uma esperança o que eu sinto. A gente
não precisava passar por tudo isso”, afirma.
fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br
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